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PROJETO GRAEL

In Textos Folha de São Paulo on May 28, 2010 by Elka Andrello Tagged: , , , , , , , , ,

O velejador Leonardo Rodrigues, 13, levou a taça de Campeão Estadual Estreante para orgulho dos treinadores , ninguém menos do que os super campeões olímpicos, os irmãos Grael. O lobinho do mar é um dos 3.500 velejadores formados pelo Projeto Grael, projeto social criado pelo recordista brasileiro de medalhas olímpicas e pentacampeão da vela Torben Grael, 41, o campeão olímpico Lars Grael, 36, Axel Grael, 43, e por Marcelo Ferreira, 35, dupla de Torben.

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O projeto tira a garotada da rua e “joga na água”, desde 1998 em Niterói, RJ e desde 2000 em Vitória, ES. “Sempre fui inconformado em praricar um esporte dito de elite. Um fim social vem sendo atendido com esse projeto ao levar o conhecimento da cultura náutica para quem nunca teve acesso ”, diz Lars Grael. As crianças saem do projeto preparadas para trabalhar como marinheiros em barcos de pesca e de recreio.

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Embora o objetivo principal não seja formar atletas, os alunos com melhor desempenho são encaminhados para a equipe de competição do projeto e a clubes náuticos. Outros campeões são os lobinhos do mar Porfírio Inácio, 14, que levou o vice-campeonato estadual estreante no Rio de Janeiro, e Patrick Penha, 13, que fez bonito no Campeonato Mundial de Hobie Cat 16, nas águas do Oceâno Pacífico. Ele levou o sétimo lugar enfrentando ventos de 50 km/h como dupla do iatista veterano Luiz Gonzaga Machado, 55.

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Para participar do projeto, os meninos e meninas devem ter de 9 a 14 anos, estar matriculados numa escola pública e trazer um atestado médico. Esse pré-requisito faz com que as crianças coloquem a vacinação em dia. Logo de cara são avaliados se sabem nadar. Como a maioria não arrisca nem sequer o nado de cachorrinho, o projeto criou uma escolinha de natação, que funciona como um primeiro estágio do aprendizado. Quando estão craques nas braçadas, os alunos são promovidos para o curso básico de vela. Depois de quatro meses de aulas teóricas e práticas a garotada sai fera na arte de dar nós de marinheiro, posição do vento, como montar , velejar e desvirar o barco Optmist, barco leve projetado para crianças. “Esse aprendizado gera auto-confiança. É um esporte de decisão, estratégico, é ele e o mar. Aprende a usar as variáveis como correntes e ventos a seu favor”, diz Axel Grael.

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Quem vai bem, passa para o estágio avançado e tem mais quatro meses para aprender regras de navegação mais sofisticadas e aperfeiçoar o estilo de velejar. Missão cumprida, o lobinho do mar sai com carteira de veleiro amador, dada pela Capitânia dos Portos, a primeira habilitação que uma criança pode tirar. “A criança sai desse estágio preparada para trabalhar como marinheiro. Sabem até fazer costuras em cabos, coisa que apenas um bom marinheiro sabe. Tem espaço no mercado de trabalho, alguns chegam a ganhar até U$2 mil por mês”, diz Cintia Knoth, 39, professora de vela do projeto.

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Além de aprender a velejar e a cuidar de um barco, os pimpolhos aprendem noções de primeiros socorros e resgate, a pescar com linha, rede e tarrafa e a cozinhar. O menu é simples: peixe na brasa. Ecologia é inerente ao curso, “Fazemos caminhadas para catar lixo e quando pescamos um peixinho pequeno que não serve para comer, ensinamos a soltar”, diz Cíntia. “Eles aprendem a interpretar a natureza, os ventos as nuvens, e transferem essas informações para a vida”, diz Axel. “Perdi todos os meus medos. Tinha muito medo de velejar depois fui até para o campeonato estadual no ano passado. É muito bom fazer um esporte no mar”, concorda Luciana Oliveira, 13, quatro anos no projeto.